50ª SESSÃO SOLENE DA 4ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA IX LEGISLATURA.

 


Em 06 de novembro de 1986.

Preside pela Ver.ª Gládis Mantelli – Vice-Presidente.

Secretariado pelo Ver. Isaac Ainhorn – 1º Secretário.

Às 16h37min a Sra. Gládis Mantelli assume a Presidência.

 

 


A SRA. PRESIDENTE: Havendo número legal declaro abertos os trabalhos da presente Sessão Solene, destinada à entrega do título honorífico de Cidadão Emérito ao Sr. Rubem José Thomé.

Solicito aos Srs. Líderes de Bancada que introduzam no Plenário as autoridades e personalidades convidadas. (Pausa.)

Convido a tomarem assento à Mesa: Reverendo Oldemar Carvalho, representante da Igreja Metodista; Sr. Átila Sá de Oliveira representante da Faculdade de Direito da PUC; Sr. Sidney Silveira representante da SEC; Dr. Mário Breno Gonzales e Rubem José Thomé, homenageado.

Está com a palavra o Ver. Clóvis Brum, que falará em nome das Bancadas do PMDB, PCB e PSB.

 

O SR. CLÓVIS BRUM: Sra. Vera. Gládis Mantelli, no exercício da Presidência da Casa; Reverendo Oldemar Carvalho, representante da Igreja Metodista; Sr. Átila Sá de Oliveira, representante da Faculdade de Direito da PUC; Sr. Sidney de Oliveira, representante da SEC; Sr. Mário Breno Gonzales; meu querido e sempre Vereador, homenageado desta Sessão Solene, Rubem José Thomé, Cidadão Emérito de Porto Alegre; senhores.

Thomé, Vereador por longa data desta Casa, Vereador com quem tive a honra de aprender muito das atividades legislativas. Sabem todos perfeitamente, que eu estou a mais de 13 dias com uma gripe que peguei lá em Uruguaiana. Sabem, também, que esta Sessão é uma demonstração de carinho dos seus amigos e da Câmara de Porto Alegre àquele homem que dedicou longa parte da sua vida à atividade pública, como funcionário da Prefeitura e como Vereador.

Nós fomos prejudicados na Sessão de hoje. A correspondência oficial da Câmara não chegou, ou seja, os convites não chegaram às pessoas que relacionamos, por causa do problema que está havendo com o Correio.

Mas aqui temos um grupo de amigos, Thomé, que mais do que assistir a entrega do título de Cidadão Emérito, vão rememorar aqueles discursos vibrantes que o Ver. Rubem Thomé fazia nesta Casa em defesa dos seus funcionários, dos funcionários da Prefeitura e do bairro Cavalhada. Talvez, se a correspondência tivesse chegado, esta Casa lotasse com as pessoas convidadas. Mesmo assim, está aqui um grupo de homens e mulheres que o conhecem ao longo dos anos e sabem do merecimento e da justiça que a Casa faz em outorgar o título honorífico de Cidadão Emérito da Cidade. Dizer que Thomé e D. Iolanda são partes vivas da nossa Sociedade é o mesmo que dizer que esta Casa também vê em Thomé um integrante permanente. O trabalho social, o trabalho que D. Iolanda realizou ao longo dos anos ao lodo do Thomé, traspassaram para esta Casa, materializaram-se num elenco de leis de autoria do Ver. Thomé em favor não só dos funcionários da Prefeitura, mas desta Cidade. Em todas as Sessões Ordinárias das segundas, quartas e sextas-feiras esta Casa lê a Bíblia, e este consenso de se fazer a leitura da Bíblia partiu da iniciativa do Ver. Rubem Thomé. Andaram alguns, novos é claro, bem mais novos do que a grandeza da tua lei, querendo terminar com a leitura da Bíblia, e até se fez votação, e continuou a leitura da Bíblia.

Veja, Reverendo Aldemar, que alguma coisa Tomé deixou, até no campo espiritual desta Casa.

Quando vejo Thomé, quando vejo Dona Iolanda, ainda lembro, há uns 15 nos atrás, das caminhadas, da luta, das campanhas que o Thomé fazia. Realmente, o grande comandante desta luta toda, aquela força mística, aquela força moral, aquela força que anima o Thomé, repousa exatamente no Thomé.

Numa dessas subidas e descidas e que culminou, exatamente, com o acidente de Thomé, o Thomé não estava bem, as coisas não estavam bem no começo e a grande comandante, a extraordinária Dona Iolanda, estava vigilante no corredor do hospital a comandar o restabelecimento do Thomé. Em menos de um mês levava Thomé tranqüilamente curado para Casa. São essas coisas que depois dos 50 anos a gente começa a somar e a ver que a vida é boa quando é vivida, que ela é boa quando é partilhada, é boa quando é feita com amor. Eu tenho uma adoração muito grande pelo casal, de políticos ou não, que trabalha e que anda junto. Eu lembro, Oldemar – você que pertence à Igreja Metodista – do Rui e da Leíta, que viveram uma vida juntos. Eu vejo no Thomé, católico por teimosia, porque quase que metodista por convicção, um verdadeiro ecumênico.

É um pai trabalhador; é um marido cumpridor das suas obrigações; foi um Vereador exemplar, polêmico sim, porque ele é polêmico por excelência, mas dinâmico, sempre procurou pautar pelo certo e pelo honesto. Foi todo este conjunto de coisas que me encorajaram a apresentar à consideração da Casa o título de Cidadão Emérito. Gostaria, Thomé, de fazer um discurso daqueles nossos, mas estou impossibilitado, e como acho que a tarde é do Thomé, vamos deixar o grande discurso para aquele Vereador que se debruçava na tribuna e fazia a Casa vibrar.

Nós estamos contentes por estar partilhando desta intimidade. Nós não estamos homenageando uma pessoa estranha, Senhores Vereadores. É um irmão nosso, um Vereador nosso, homem quase patrimônio da Casa. Por isso, enseja esta intimidade no discurso, na palavra, na saudação em nome da minha Bancada, o PMDB. Queremos dizer que ao conferir este título, Ver. Thomé, não o PMDB, não a Câmara de Porto Alegre, mas a Cidade de Porto Alegre fez uma justa homenagem àquele homem que deu muito de si em favor da sua comunidade. Que Deus continue a iluminá-lo, Vereador Thomé, a Dona Iolanda e a toda a sua família. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

A SRA. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Mano José, que falará em nome da Bancada do PDS.

 

O SR. MANO JOSÉ: Ver.ª Gládis Mantelli, M.D. Presidente em Exercício; Reverendo Oldemar Carvalho, representante da Igreja Metodista; Sr. Átila Sá de Oliveira, representante da Faculdade de Direito da PUC; Sr. Sidney Silveira, representante da SEC; Dr. Mário Breno Gonzales; meu caro Rubem José Thomé, caros colegas Vereadores, meus caros colegas da Prefeitura de Porto Alegre. Realmente, assumo a tribuna – e não poderia ser de outra forma – emocionado. Para os que não sabem, Rubem Thomé e eu somos primos, e homenagear um primo, para nós, é um tanto difícil, porque não é a lembrança de Rubem Thomé funcionário municipal, não é a lembrança de Rubem Thomé Vereador desta Casa por longos anos, combativo Vereador, diga-se de passagem, mas é a lembrança familiar que no momento nos traz a emoção, porque acompanhamos de perto a luta da família Thomé, quando teve o seu pai, o seu progenitor assassinado na Praça 15, há longos anos atrás. A luta de sua mãe para criar seus seis filhos, e Thomé, o filho mais velho, muito cedo se engajava na luta de manutenção da Casa; muito cedo ele buscava o trabalho pelas portas do Departamento de Limpeza Pública, hoje DMLU, e daquele departamento percorreu "n" secretarias, ocupando chefias, direções, fazendo aquilo que nós também fazemos. Colegas e, entre colegas, amigos, um grupo dos teus amigos aqui está hoje para te homenagear e te abraçar, meu querido Rubem.

Os teus colegas Vereadores, ao aprovarem a proposição do ilustre Ver. Clóvis Brum, o fizeram conscientes de que estavam dando uma alta honraria a alguém que por uma vida toda dedicou-se às causas da nossa cidade, aos problemas de Porto Alegre, quer como funcionário, como diretor, como secretário, ou aqui, especialmente, como Vereador. E nós, que estivemos sempre em trincheiras politicamente opostas, tivemos, não raras vezes, discussões acirradas em que colocávamos, sempre, como objetivo das nossas discussões os interesses maiores da comunidade, do funcionalismo municipal. Rubem Thomé, eu diria, hoje, que foi o precursor do 13º salário na Prefeitura, porque falar em 13º era quase uma heresia. O Rubem Thomé, anualmente, tinha um projeto a ser apresentado à Câmara: o 13º salário para os funcionários municipais. Não adiantava alguém dizer que era inconstitucional, que não se podia legislar sobre matéria financeira. Rubem Thomé estava presente sempre no mês de outubro, novembro, com seu projeto: 13º salário. Parece, meu querido Rubem, que água mole em pedra dura tanto bate até que fura. De repente, surgiu o 13º salário e todos ficaram felizes. Thomé, falo hoje para ti, para a Iolanda, tua querida esposa, teus filhos e netos, teus irmãos presentes; pena que não possa falar à tua querida mãe a quem eu considerava como minha mãe. Por certo ela e teu querido pai estarão, hoje, olhando, e, até junto de nós, dizendo que a cidade, através da sua Câmara de Vereadores, soube, em tempo, reconhecer em ti um dos batalhadores, dos trabalhadores, dos homens dedicados a uma causa pública, dos homens dedicados a sua cidade, pois tu és porto-alegrense, mas, possivelmente, um percentual bem alto dos presentes não seja e começa por este Vereador que está na tribuna, que não é porto-alegrense, senão por adoção. Por isto, em nome da bancada do PDS, do nosso Líder, Hermes Dutra, do Ver. Rafael Santos, venho aqui para te dar um abraço, para dizer que poucas pessoas realmente mereceram, pelo trabalho dedicado estritamente ao Município de Porto Alegre, esta honraria como tu mereces e estás recebendo hoje. Por isto, a nossa saudação em nome da nossa numericamente pequena bancada, mas grande nos seus ideais, mas grande no seu pensamento e na sua postura na qual soube, querido Thomé, isto bem o sabes, permanecer. Na hora que devemos ser oposição, vamos ser oposição, porque fomos situação pelas circunstâncias de uma revolução que houve nos idos de 64. Nós, do PDS, te saudamos como Vereador, como homem público, mas, sobretudo, como nosso irmão. Na solidariedade da bancada do PDS haverás de ter o respaldo, sempre, para todas as tuas ações que vierem em benefício da nossa comunidade.

Recebe, querido Thomé, querida Iolanda, o abraço da bancada do PDS, juntamente com seus filhos e netos e, em especial deste Vereador, mais do que da bancada, seu familiar, seu amigo. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTE: Concedo a palavra ao Ver. Getúlio Brizola para falar em nome da Bancada do PDT.

 

O SR. GETÚLIO BRIZOLA: Sra. Presidente, senhores componentes da Mesa, visitantes, amigos da família Thomé. Como declarou o Ver. Clóvis Brum, que teve a lembrança de enfocar o nome de um homem que, em momento algum, esqueceu do povo, que nunca olhou para siglas partidárias mas, sim, para o povo eu estou, em nome da bancada do PDT, trazendo um abraço fraternal, abraço de irmão, pois, para mim, Thomé, foste mais do que um irmão, foste o homem que me educou no trabalho, ensinou-me a ser o Vereador que sou hoje.

Agradeço, Thomé, com o coração transbordando de alegria. Sabes, Thomé, que em todos os momentos do teu passado, como bem colocou o Ver. Clóvis Brum, momentos como do teu acidente, este teu amigo, teu irmão, Getúlio Brizola, nunca deixou de estar a teu lado. E a minha posição de estar sempre ao lado do povo é a mesma tua, e eu tenho o capricho de dizer uma verdade: quando andávamos no interior do Estado, quando eras candidato a deputado estadual, provaste ser da minha família em Palmeira das Missões. Conheceste meu pai e minha mãe e lá eu disse, na presença de meus velhos queridos, que eu tinha encontrado na Capital do Estado um pai e uma mãe, que foi Dona Iolanda e Rubem Thomé.

Então, de tantas frases bonitas que eu já ouvi hoje, de tantas coisas importantes que eu já ouvi, como o Ver. Clóvis Brum e o Ver. Mano José colocaram, e tenho certeza que o Ver. Jorge Goularte também vai colocar, pessoas que conhecem o Thomé há mais tempo do que eu. Eu conheço o Thomé viajando e fazendo seis mil quilômetros no Estado, juntos. Eu conheço o Thomé tocando o telefone para o meu rancho e me acordando às cinco da manhã para irmos para o sítio matar um porco, plantar um pé de mandioca ou ajudar aquele pessoal que está nas vilas.

Há duas noites atrás nós estávamos no enterro de uma pessoa amiga nossa que era vizinha do Thomé desde pequeno. Nós pegamos uma grande chuvarada, mas lá no "Jardim da Paz", às 22 horas e voltamos às 2 horas da madrugada, consolando todo aquele povo.

Este coração do Thomé é um coração que nunca poderá morrer e eu agradeço a Deus porque, quando acontecendo o acidente, antes de visitar o Rubem Thomé eu me ajoelhei e pedi para que Deus ajudasse e o salvasse, porque nós precisamos de uma pessoa como ele no nosso meio. Lamentável ele não estar hoje na Constituinte. É destes homens que nós precisamos, homens que olhem pelo povo. Mas ele não quis. Quando falei a ele para se candidatar ele me disse: "Getúlio, com este acidente estou meio parado". Mas, quando eu vejo o Thomé recuperado, tenho certeza de que, no momento em que ele colocar o seu nome a serviço do povo de Porto Alegre, ele será eleito. Não tenho como agradecer ao meu Líder, o Ver. Cleom Guatimozim, e ao Vice-Líder do meu Partido que me deram este oportunidade de dizer aquilo que vem do fundo do coração. E dizer mais: com a graça de Deus vencemos uma luta e com a graça de Deus vamos vencer sempre para o bem do povo, sem olhar para sigla partidária. Foi o Rubem Thomé que me ensinou a ser gente. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Jorge Goularte, que falará como Vereador independente.

 

O SR. JORGE GOULARTE: Ver.ª Gladis Mantelli, Presidente em exercício; Reverendo Oldemar Carvalho, representante da Igreja Metodista; Sr. Átila Sá de Oliveira, representante da Faculdade de Direito da PUC; Sr. Sidney Silveira, representante da SEC; Dr. Mário Breno Gonzales; meu caro Rubem Thomé, meus senhores e minhas senhoras, familiares de Rubem Thomé, sua esposa, principalmente, que o agüenta há 34 anos, assim como a minha me agüenta há 25. Eu não poderia, Thomé, deixar de falar em tua homenagem. Eu não tenho falado muito nos últimos meses, porque não tenho sigla partidária, portanto, procuro falar o mínimo que posso, pois falo apenas em meu nome próprio e, quando eu estiver em uma nova sigla partidária, trarei a esta Casa o pensamento da população que represento. Mas não poderia deixar de relembrar, estando aqui neste convívio, o eminente político, o parlamentar brilhante, o tribuno do mais alto nível com o qual me identifiquei da melhor forma quando cheguei a esta Casa há mais de 11 anos. Nós tivemos brigas acirradas; nós tivemos debates dos mais variados, mas nós tivemos uma coisa muito importante: uma grande amizade. Quando o Ver. Clóvis Brum apresentou este projeto, que foi votado por unanimidade, eu só não fiquei com inveja dele, porque já tinha homenageado o Thomé em 79, quando ele completou 35 anos de serviço público. Tivemos uma grande homenagem, porque naquela época não havia greve de carteiros. Foi uma grande homenagem, uma grande solenidade, e nós tivemos uma afluência de público muito grande; hoje, vejo aqui, na convivência com Thomé, D. Iolanda, filhos, genros, noras, os netos Rafael, Rodrigo, Rubem, e só temos que agradecer a convivência que tu nos deste e que vais continuar a dar a todos, porque eu vou continuar a seguir teus passos; aliás, parece que estamos na mesma situação, sem partido, e isso nos identifica cada vez mais. E uma coisa tomo a liberdade de dizer, quando estou longe da minha senhora: se não a tivesse encontrado, seria alguma coisa, mas infinitamente menos do que sou. E tomo a liberdade de dizer isso ao Thomé. É o mesmo caso: se ele não tivesse encontrado essa grande companheira que lhe deu forças para resistir às maiores dificuldades... E nelas sempre estávamos juntos. Nas dificuldades. Nas festas, às vezes, não é necessário mas, nas adversidades sim, temos que estar juntos, porque aí é que se vê o verdadeiro amigo. Para que discursos escritos quando tenho no coração tudo aquilo que tenho para te dizer? Que bom que estás aqui! E com aquela aparência que gostaria que tivesses sempre, aquela receptividade com a população, e espero que não pares por aí, porque quero te acompanhar. Espero, como Alceu sempre disse: "se há nessa vida um Deus para os acasos, e pela humanidade o bem reparte, que te dê da fortuna a melhor parte, que venturas te dê sem reis, sem prazos". Eu, de alegria, tenho os olhos rasos de lágrimas, amigo, ao vir brindar-te, quando vejo que, até para saudar-te, as flores se debruçam pelos vasos.

O meu brinde é sincero, certo, breve. Se um nome que sequer quando se escreve quebra a letra em traços ideais, a um amigo, como tu, quando se brinda, tem-se a missão cumprida, a festa finda; quebra-se a taça e não se bebe mais. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Frederico Barbosa, que fala pela Bancada do PFL.

 

O SR. FREDERICO BARBOSA: Sra. Presidente em exercício, Ver.ª Gladis Mantelli; prezado Reverendo Oldemar Carvalho, representando neste ato a Igreja Metodista; prezado Sr. Sidney Silveira, representante da SEC; Dr. Mário Breno Gonzales; prezado professor, amigo e compadre Átila Sá de Oliveira, Vice-Diretor da Faculdade de Direito da PUC; prezadíssimos companheiros ex-diretores da EPATUR, Cláudio Vieira de Mello e Esther Von Zucalmaglio, que tanto nos honram com sua presença; senhores familiares do homenageado, senhoras, senhores, querido Rubem Thomé. Três vezes por semana, normalmente no clarear das segundas, quartas e sábados, caminho um pouco, passando pela frente da casa do Ver. Mano José no Parque Moinhos de Vento. Normalmente às segundas e quartas, já que a eletrônica moderna me permite essa caminhada é impulsionada por esses radinhos modernos que se adaptam á orelha. No sábado, faço absoluta questão de, tentando desligar, se for possível, pensar um pouco nas coisas desvinculadas da matéria pública. Quem sabe, até, pensar um pouco nos meus problemas, nos filhos, na mulher, na praia, - tu em Laguna, eu em Tramandaí - pensar nas coisas boas da vida, mesmo sabendo que a semana toda foi feita de coisas boas, como servir a população da minha cidade.

Sábado passado, na caminhada, iniciei a pensar no improviso de hoje. Iniciei lembrando algumas coisas que, desde 79, no momento em que cheguei a esta Casa, aprendi contigo. Iniciei lembrando do Maktub, a tua afirmação nos teus brilhantes discursos nas Sessões Solenes. Pensei, em seguida, naquele gesto que foi feito há pouco. Pensei na agressividade, no impulso, na força dos teus pronunciamentos, quando vinhas à tribuna no dever da representatividade, para mostrar aquilo que não estava te satisfazendo, em nome do povo de Porto Alegre. Pensei, até, no teu acidente, com o qual convivi sem ter ido te visitar, porque nos visitamos pelo telefone, muitas vezes quase na madrugada, pois tu ligavas para minha casa cedo e ficávamos algum tempo conversando. E exatamente para que não me traísse neste momento, pensei que o improviso preparado no Parcão até deveria ser passado para o papel, para que algumas coisas que pretendo dizer não falhassem na memória. A honra, meu caro amigo Thomé, e a satisfação são muito grandes. Falo em nome do meu Líder, do meu Vice-Líder, Ver. Raul Casa, Ver. Ignácio Neis, e representando o Ver. Martim Aranha Filho e a Ver.ª Bernadete Vidal. Nós, que compomos a bancada do PFL, temos a honra de estar aqui para falar no dia em que recebes o título de Cidadão Emérito de Porto Alegre. (Lê.)

O que, inicialmente, merece nosso exame, no dia de hoje, é o fato de nos reunirmos. Se, por um lado, trata-se de uma reunião de trabalho, por outro, é um encontro festivo. Ele significa alguma coisa que precisa ser meditada. Nós que coexistimos, mas vivemos longe uns dos outros, reunimo-nos com o objetivo de entregar, merecidamente, o título de Cidadão Emérito de nossa querida Porto Alegre, a RUBEM JOSÉ THOMÉ, homem que teve grande parte de sua vida vinculada ao serviço público e a representação parlamentar, através de sua grande liderança e de um trabalho obstinado em defesa de melhores dias para a população de sua terra natal.

Tenho absoluta convicção de que poderia discorrer por muitas linhas, várias páginas, ocupando longo espaço, a respeito da vida e do trabalho de nosso homenageado. Porém, nesta Sessão Solene, que se reveste de especial significado, porque é a homenagem oficial da Cidade, representada pelos Vereadores, colegialmente eleitos como seus porta-vozes, preferimos deixar que os convidados e amigos que aqui acorreram, atendendo ao convite para o abraço fraterno ao companheiro, ao amigo, ao cidadão, ao pai de família, enfim, ao porto-alegrense dedicado, façam a festa que, se acionada e conduzida pelos representantes populares, classe a que Rubem José Thomé pertence, por legitimidade adquirida através de longo e brilhante trabalho, é de todos quantos a ele tem carinho e respeito.

Que está manifestação seja recebida na singeleza em que é composta e no conhecimento que o homenageado tem dos trabalhos desta Casa, na qual, atuando por bom tempo, foi um de seus importantes componentes, com seu estilo incisivo e batalhador na defesa intransigente do bem comum daqueles que lhe conferiram o direito e o dever da representação popular da Capital do Rio Grande do Sul, terra esta que já deu sobejas manifestações políticas e nomes fulgurantes para cenário nacional e internacional.

Rubem Thomé, certamente, reúne os requisitos e requisitos e mérito suficientes para participar da galeria dos agraciados com o título honorífico de Cidadão Emérito, em tão boa hora requerido pelo ilustre Ver. Clóvis Brum e aprovado pelo Plenário desta Câmara Municipal. Todo merecimento colhido por ocasião de sua carreira e, consequentemente, no bojo de todas as suas promoções, seu estilo de trabalho, seu modo de ser e de agir, o credenciam para tal, e nós hipotecamos irrestrito apoio, não só na indicação, como na tramitação e na aprovação do projeto que se tornou lei, consubstanciada, agora, em Diploma e Título, numa manifestação concretamente justa e merecida.

O Partido da Frente Liberal realiza esta simples, rápida, mas sincera homenagem, não por protocolar praxe legislativa, mas por impulso interior de convicção e estima, cumprimentado ao companheiro e amigo Rubem José Thomé pela expressão de seu trabalho, através da sua dedicação e luta na missão de bem servir seus semelhantes pela carreira de funcionário público e na representação popular, tão inteligentemente atribuída pelo povo a quem "dedicou-se a representar as mais diferentes atividades de nossa vida social", como cita tão bem a exposição de motivos do Projeto de Lei apresentado.

Ao finalizar, desejo cumprimentar todos os familiares e, em especial, dona Iolanda, esposa de nosso homenageado, na certeza de que ela, os filhos, nora, genro e netos atestam as palavras aqui proferidas, pois é em Casa, como reiteradamente tenho declarado, que as verdades últimas do caráter de um homem são atestadas, tenho como resultado o amor e a compreensão de sua família.

Um abraço Rubem José Thomé, na certeza de que a tua emoção é a nossa emoção. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTE: Convidamos neste momento a Sra. Gisela Bitencourt Thomé para fazer a entrega de flores à esposa do nosso homenageado, Sra. Iolanda Lemos Thomé.

(Faz a entrega.) (Palmas.)

 

Convidamos a todos os presentes para que, de pé, assistam a entrega do título ao nosso homenageado.

 

(Palmas.)

 

A SRA. PRESIDENTE: Com a palavra o nosso homenageado, Rubem Thomé.

 

O SR. RUBEM THOMÉ: (Lê.) Maktub, particípio passado do verbo Katb (escrever), é a expressão característica do fatalismo árabe. Maktub significa: "estava escrito", ou melhor: "tinha de acontecer".

O conceito de fatalismo, no Alcorão, em nada difere, aliás, da forma pela qual este mesmo conceito se apresenta na Bíblia (Vide Reis, 3, 7, 34 e 82).

Quando o árabe, nos momentos de dor ou de angústia, exclama "maktub" não profere com esta expressiva palavra um brado de revolta contra o destino.

Maktub é apenas uma forma clássica, perfeitamente ortodoxa, por meio do qual o crente reafirma que seu espírito se acha plenamente conformado com os desígnios insondáveis da vontade de Deus.

Minha querida Ver.ª Presidente Gládis Mantelli; meu caro amigo Reverendo Oldemar Carvalho; meu irmão, meu amigo Átila Sá de Oliveira; Sidney Silveira, meu advogado, meu conselheiro; meu amigo Mário Breno Gonzales. A Mesa deveria se completar com a presença do nosso Presidente do Montepio, querido amigo Léo Raupp, com a presença do Armando Perin, Presidente dos Procuradores da Prefeitura, com a presença do Governador Schuler, Presidente do Grêmio dos Fiscais e da ex-Verª. Esther Von Zuccalmaglio, minha amiga pessoal. Com todos vocês sinto-me à vontade para dizer que todos estão conosco. Na Mesa, Verinha, Dr. Cládio, caríssimos Vereadores. Eu agradeço aos que aqui se encontram; eu agradeço do fundo do coração.

(Lê.)

Caríssimos Senhores, que as minhas primeiras palavras sejam de profunda reverência e homenagem àqueles que, pela vontade divina, não se encontram aqui presentes conosco: Aloísio Filho, Pessoa de Brum, Martim Aranha, Valneri Antunes e Witon Araújo, grandes homens que por aqui passaram. Estou certo de que as minhas palavras, todas elas, não serão suficientes para exprimir os meus agradecimentos aos queridos Vereadores pela concessão da comenda que ora me é outorgada. Ela é impar e toca de forma indelével o meu coração e minha alma.

Todos sabem, e eu melhor do que ninguém, das minhas limitações. Por isso, peço perdão se tropicar na emoção e cometer algum erro que, desde já, saibam involuntário.

Na Câmara de Vereadores tive os melhores momentos de minha existência. Aprendi a respeitar e a querer bem aos homens públicos que só têm em mente o bem-estar de seu semelhante. Só lembro boas e alegres horas de debates, acaloradas às vezes, mas que sempre traziam em seu bojo o querer dar maiores esperanças aos humildes e aos necessitados. Não aqui apenas para agradecer. Quero, também, prestar a minha homenagem a todos os senhores vereadores e funcionários desta Casa que, de uma forma ou de outra, contribuem para engrandecê-la. Peço a todos os senhores, meus amigos, toda a atenção para o debate hoje aqui desenrolado. Constatamos que todos os oradores: Vers. Mano José, Frederico Barbosa, Jorge Goularte, Getúlio Brizola se excederam em só decantar as minhas qualidades. Esqueceram todos eles as minhas disvirtudes e defeitos. Tenho-os e muitos. Entretanto, o saldo a meu favor é positivo e disto tenho o maior orgulho. Confesso publicamente, em alto e bom som, que não passei apenas pela vida; estou vivendo todos só dias e a cada dia sempre aprendendo uma coisa nova e boa. Querido irmão Clóvis Brum, ah, se eu pudesse, Deus meu, travar a vida num momento alegre, matar a dor e só deixar venturas. Ah, meu Deus, se eu a certeza tivesse de poder exaurir do mundo o sofrimento, de ser de todos amparo, suporte, fortaleza, doaria a vida toda feliz, muito feliz neste momento. Assim sou eu, como os senhores estão a ver. Sou o que sou, só isto. Evoco, queridos amigos, neste instante de tanta vibração para mim e minha família, de carinho e amor, um quadro que jamais se apagará de minha memória. Evoco uma tarde encantadora em que eu, avançando entre as paredes da velha Câmara de Vereadores, fui encontrar um grande lutador pequeno no tamanho, mas grande, enorme nos atos e atitudes, que de caneta e papel na mão vinha apenas solicitar o meu autógrafo. Dei-o na hora, sem perguntar a finalidade da minha assinatura, pois o meu contato com o honrado Ver. Clóvis Brum sempre foi assim: a nossa palavra sempre valeu. Há nas observações do Clóvis, no seu discurso um evangelho inteiro. Volto-me, agora, para a sua agigantada figura, que o tempo só consegue fazer mais triunfal e empolgante, para colher um pouco das suas inspirações. Se homens que já dobraram a curva da vida ainda acham estímulo e razão para trabalhar pelo bem de todos das gerações futuras, porque nós, que conhecemos ainda tão pouco as decepções e deslealdades e que ainda afagamos tanto entusiasmo e tantos ideais, não haveríamos de nos lançar numa nova, grande e nobre campanha como a tua? Fica, pois, desde já, o meu apelo, afirmada a minha confiança e proclamado o meu desejo de que o Clóvis seja o nosso novo deputado estadual, eleito em 15 de novembro próximo pela graça e vontade popular. É com vaidade que faço esse apelo, é com vaidade que faço esse augúrio. O que é preciso é convidar à luta redentora os joviais e os fortes e salvar da degradação os que se afundam na miséria e no abandono.

Obrigado, meu caríssimo irmão, Clóvis Brum. Obrigado, você merece tudo, pois me deu algo, pois nos deu algo que é só nosso e muito nosso: amor e felicidade.

Caríssimos senhores e senhoras, meus amigos, todos nós sabemos que é pesada e amarga a responsabilidade de enfrentar os problemas sociais e os dramas dos oprimidos, mas, pior do que isto é ter reconhecimento e gratidão no coração. Poucos o têm. O adágio popular é sábio: "gratidão é um fardo pesado que aquele que a tem procura largar na primeira esquina". Nós somos eternamente gratos a todo os senhores Vereadores que, num momento de alta fidalguia e humildade, concederam a este modesto patrício o título de Cidadão Emérito da Cidade. Vocês, vereadores, são idealistas.

Todo o idealista é exagerado. Precisa sê-lo. E deve ser quente a sua linguagem, como se a personalidade de cada um se transvasasse sobre o impessoal. O pensamento sem valor é morto, frio, carece de estilo, não tem cunho caracterizador. Nunca foram débeis os gênios, os santos e os heróis. Para criar uma partícula de verdade, de virtude, de beleza é mister um esforço original e violento contra uma rotina ou preconceito, da mesma forma que, para dar uma lição de dignidade, é necessário deslocar algum servilismo. Nenhum. É falso para quem o professa; este o crê verdadeiros e coopera em prol do seu desenvolvimento, com desinteresses mas com paixão. O sábio procura a verdade pelo gosto de a procurar, e tem prazer em arrancar da natureza segredos para ele inúteis ou perigosos. O artista procura, também, a sua verdade através da beleza, porque a beleza é uma verdade animada pela imaginação mais do que pela experiência. E nós, políticos, procuramos sempre o ideal; uns, com paixão combativa, outros com pertinaz obsessão:

Nos dias de hoje, em que a época é de depressão, a mediocridade está no seu apogeu e nós, os idealistas, temos que nos enfileirar contra os dogmatismo sociais, seja qual for o regime dominante.

Uma grande vida - escreveu Vigny - é um ideal da juventude realizado na idade madura. Por isso, e em razão disso, é que me orgulho de um dia ter pertencido ao rol dos homens bons que tiveram assento na Câmara de Vereadores. Esta é uma grande escola à qual nenhum político deveria faltar. Aqui ecoam as reivindicações do povo, aqui se plasmam grandes lideranças, aqui só pratica o bem para a comunidade.

Não quero me alongar mais, por isso vou terminar já. Antes, porém, desejo dizer que: "nobreza é um acidente da sorte; os atos nobres é que caracterizam os grandes”.

Como os senhores são grandes... grandes.

Quero, por fim, abusar ainda um pouco da complacência e bondade dos senhores para deixar, nesta oportunidade, neste sagrado recinto, minha mensagem de gente a todos aqueles que, no silêncio, que depois da palavra é a segunda arma, me escutam, ei-la: Como é difícil perdoar. Algo se revolta em nós e segura a mão que acena a paz. Uma força fecha nossa boca, não sorrimos, não falamos. As palavras ficam presas o coração, duro. Agora passemos ao exercício do perdão na prática. Você perdoa uma vez só. Sei, é horrível. Mas, vamos lá, você perdoa uma vez. Viu? Pronto, você perdoou. Não sentiu nada? Não está mais leve, sua mente mais clara? Afinal não foi tão ruim assim. Não fique apenas neste ato. Examine sua cabeça. Há mais gente a perdoar. Os que falaram mal de vocês, os que sorriram sarcásticos, os que não lhe pagaram dívidas, os mal agradecidos. Quanta gente mais! Cada vez será mais fácil! A primeira vez foi um pesadelo, a segunda será bem melhor. Daí para a frente, perdoar será parte de você, um pedaço do seu coração. Só o exercício do perdão lhe permitirá viver melhor, limpar o ódio, varrer o rancor, transformar tudo, realizando o amor. Desarme-se e se doe, dê-se e perdoe.

Nessa homenagem que recebo, eu não podia, Ver. Jorge Goularte, meu grande amigo de todas as horas que por aqui passei, deixar de encaminhar, aproveitar este tempo, hoje que os políticos estão brigando por minuto na televisão... O Ver. Clóvis Brum consegue uma tribuna para que eu fale pelo que eu quiser. A Sra. Presidente não estipulou tempo. Eu não posso deixar passar em branco, sem fazer o meu apelo aos funcionários municipais. Não sei por que este assunto sempre me empolgou. Me preocupou com o que acontece com o funcionalismo. Quando o Léo Raupp foi eleito para o Montepio, como Presidente, nós saudamos esta figura brilhante, um homem que é povo e que só vai tratar bem os funcionários. Mas nós precisamos da compreensão de todos os executivos, como o funcionário tem aqui nesta Casa atenção. Por isto, achamos muito bom oferecer títulos de bons serviços ao funcionalismo. Nós participamos, agora mesmo, com o Prefeito, de um por 10, 15 e 30 anos. Mas isto também tem que se traduzir em concretos objetivos de atendimento às reivindicações da classe, como o reestudo e encaminhamento das vantagens que foram vetadas pelo ex-Prefeito, mas que também foram vetadas pelo atual Prefeito, e não se sabe porquê. Quando eu estava na Casa, eu ia adiante: agora, só tenho que pedir. O Estatuto dos Funcionários, que tem alguma coisa de bom, e o Plano Classificado ainda não foram aplicados de todo: o atendimento ao que estipula o Art. 98 do Plano de Carreira. Os Vereadores que têm tratado do assunto sabem que há uma progressão, e quem me dá assessoria é o Ver. Clóvis Brum, um dos defensores, como o Ver. Raul Casa, Ver. Frederico Barbosa, Ver. Jorge Goularte, Ver. Brochado, Ver. Isaac, Ver. Brizola. Todos sabem que há progressão. A progressão foi dada até o nível 7. Por que os outros não têm a progressão? Se todos sabem que têm mais "n" números, a semântica desaparece nesta hora. O Prefeito de Porto Alegre, quando da sua campanha, prometeu muita coisa, e nós, como funcionários, como gente, acreditamos em tudo, porque as promessas são feitas para serem cumpridas. Então, nós precisamos dizer que a lei não é favor; ela está aí para ser cumprida; não estamos pedindo nada de mais, apenas que sejam reparadas as injustiças flagrantes. Funcionários qualificados, que já demonstraram a sua eficiência e devotação à causa pública, estão sendo considerados apenas como em desvio de função. O Prefeito de Porto Alegre, e nós falamos de cadeira, porque ele nos deve o que eu devo ao Clóvis Brum: sou o autor da lei que concedeu o título de cidadão de Porto Alegre ao meu querido amigo Alceu Collares... Naquela época ele gostava que o chamassem de "Negrão"; "Negrão" para cá e "Negrão" para lá. E agora, quando o Rubem Teixeira Brasil vai procurar o Dr. Alceu Collares, ele não quis atender. Ora, nós precisamos que o Prefeito volte a ser aquele amigo nosso, meu e da Iolanda, o "Negrão", o Prefeito de Porto Alegre, o "Negrão". Só. Nada mais do que isso, nada vai mudar o Rubem Thomé. Ouvi aqui as palavras do Getúlio Brizola. O Getúlio é muito mais do que meu irmão. Tenho adoração por este homem público. Foi meu secretário, é vereador, continua meu amigo e faz exatamente aquilo que ele disse: vamos ali, Getúlio, vamos aqui. Nós dois vamos no sítio plantar uma arvorezinha. Ele é povo. A comenda que ora me é outorgada tem um valor ímpar; é sensacional para mim, mas nunca irão me ver mudar. Sempre disse, na Câmara, que eu também sou doutor, mas me sinto mal quando me chamam de doutor ou quando uso o anel. Acho que a gente se sente bem é no meio do povo, Ver. Jorge Goularte, Ver. Clóvis Brum. Por isso faço meu apelo ao Prefeito Collares para que agora ele comece a cumprir suas promessas. A dificuldade de dinheiro na Prefeitura existe desde que nela ingressei com o Lauro Lopes dos Santos, em 1946. Todos os Prefeitos não tinham dinheiro. O Ver. Mano José foi secretário inúmeras vezes, sempre enfrentou a dificuldade de dinheiro, apenas resolviam-se os problemas: o Ver. Jorge Goularte foi secretário e não tinha dinheiro, mas resolvia os problemas. Fica, nesta oportunidade, o meu apelo. Aproveito a homenagem que me é prestada, devolvo-a aos funcionários do município, mas isso é pouco. Os funcionários do município têm de ter uma reavaliação no seu plano de pagamento; não é mais possível que o Dr. Peri, Procurador da Prefeitura, advogado, inicie sua carreira ganhando 4 mil cruzados e o Prefeito não quer que o oficial de transporte da Câmara ganhe 5 mil. Não é o oficial de transporte que vai ganhar bem, é o procurador que está ganhando mal. Pedimos ao Prefeito que ele faça a equivalência por cima, já que ele tem a sorte de ter secretários que o ajudam com verba pessoal para completar os seus vencimentos, e que nós também possamos ter a nossa verba. O dinheiro dos secretários do Município é do povo, o dinheiro que é pago aos funcionários também sai do povo.

Então, Senhores Vereadores, fica aqui o meu apelo ao Sr. Prefeito Collares, que sei que é um homem sensível, um homem que está a enfrentar tremendas dificuldades, até de assessoramento, sendo que os bons assessores já voltaram correndo para esta Casa. Lá está a Ver.ª Terezinha Chaise, o grande Ver. Brochado da Rocha, uma das inteligências desta Cidade, e aquele homem que foi Presidente desta Casa tantos anos, um batalhador, um executivo nato que é o Ver. Cleom Guatimozim e que já está de volta. Tomara que o Prefeito da Cidade consiga chegar onde nós, funcionários, queremos.

"O que sei é que o mundo marcha e que, se permanecermos parados, nos arriscaremos a ficar cortados do resto do mundo". Socorro-me destas palavras do Gen. Góis Monteiro para fazer o encerramento de meu pronunciamento, as quais vem ao encontro desta memorável homenagem, que imerecidamente, estou a receber.

Não podemos, com efeito, ficar parados. Não podemos permitir que os fatigados, que os descrentes, que os vencidos e desencantados ou os demolidores e críticos de obras prontas e acabadas se oponham à torrente realizadora que ora baixa da vontade dos governantes da nova república e quer levar às populações mais conforto, mais bem-estar, mais alegrias, mais cultura e mais civilização. Ou bem atentamos para a advertência grave que é feita ou estaremos sendo apenas testemunha de uma degradação lenta, de uma decadência continuada, de um descalabro clamoroso. Ninguém quer isto. Por isso, sejamos decididos e fortes.

Não esqueçamos que, segundo uma das expressões mais altas que já passou por esta Casa, Ver. Manoel Osório da Rosa, "Para defender um conceito superior de vida e de civilização, para atingir níveis mais altos de cultura e bondade, cumpre ser forte. A força consciente, generosa é um ponto de atração". Nada é pequeno onde o amor é grande. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTE: Ao ensejo do encerramento desta Sessão compete à Presidência dizer algumas palavras antes de encerrá-la. Tenho ouvido aqui nesta Casa, já que não pude ter o prazer de conviver com o nosso homenageado enquanto ele era Vereador, referências, às suas qualidades de oratória, à sua coragem de dizer aquilo que precisava ser dito. Tenho ouvido, também, de outros, que os novos que aqui entraram não eram pessoas capazes ou não tinham o poder da oratória. Eu, casualmente, sou uma das pessoas, não tenho o dom da oratória que acabamos de ouvir nesta tribuna. Porém, faz-se mister que se use da palavra, mesmo que não tenha o dom da oratória. Esta capacidade é geralmente um dom, por isso se usa esta expressão: alguns o têm, outros não. Mas eu sou uma pessoa que, e os que me conhecem sabem disso, sempre procuro falar aquilo que sinto. E, neste momento, acho que a Casa o Povo, da qual Rubem Thomé já fez parte e, infelizmente, hoje não faz mais, em determinados momentos se ressente de algumas críticas, como as que acabaram de ser feitas da tribuna, a respeito da questão do funcionalismo. Acho que nós precisamos seguir o exemplo do nobre Ver. Rubem Thomé. Acho que devemos ter coragem de sermos mais impositivos. O Legislativo é a Casa do Povo e um Poder, e, como tal, deve ser respeitado. E este Poder, infelizmente, nem sempre o é.

Esta Casa se sente honrada em entregar, hoje, um título a alguém que já fez parte dela. No caso, o nosso ex-Vereador Rubem Thomé.

Agradecemos a presença de todos os amigos de Rubem Thomé, em especial do Reverendo Oldemar Carvalho, representante da Igreja Metodista; do Sr. Átila Sá de Oliveira, representante da Faculdade de Direito da PUC; do Sr. Sidney Silveira, representante da SEC; do Dr. Mário Breno Gonzales; da nossa amiga Esther Von Zuccalmaglio e do amigo Cláudio Mello.

Nada mais havendo a tratar, convoco os Srs. Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental.

Estão levantados os trabalhos.

 

(Levanta-se a Sessão às 18h.)

 

Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, 06 de novembro de 1986.

 

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